A cidade de Santa Terezinha, localizada no Centro Norte da Bahia, viveu a disputa mais acirrada do estado durante as eleições municipais do último domingo (6). Por apenas quatro votos de diferença para o segundo colocado, o prefeito Agnaldo Andrade (PSD) foi reeleito com 3.883 votos (50,03%), derrotando o candidato Ailton da Bicicleta (PT), que conseguiu 3.879 votos (49,97%). Entre as razões para a eleição apertada, estão promessas de ambos os lados de geração de emprego, bem como possíveis compras de votos, conforme contam moradores.
Com população estima de 10.441 pessoas, segundo dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Terezinha tem como principais fontes de renda a agricultura e o serviço público. É cercada de ambos os lados pelos municípios de Itatim e Castro Alves – que antes integravam território e acabaram por se emancipar –, mas não acompanhou o comércio das vizinhas.
É por conta da falta de desenvolvimento econômico que, na perspectiva do morador Daniel Silva, 25 anos, a população fica à mercê dos cargos públicos do município. “A política aqui é bem acirrada. Faz quatro anos que o prefeito foi decidido por aproximadamente 20 votos. A divisão se dá porque é uma cidade que depende só de prefeitura. Não tem outros recursos, fábricas ou indústria, a renda vem da prefeitura ou da aposentadoria”, reitera.
Segundo a moradora Rosilene Alves, 40 anos, outro fator que influenciou a disputa apertada no último domingo foi a falta de instrução dos eleitores na hora de votar, bem como a compra de votos. “Muita gente que estava votando disse que não estava aparecendo a foto do candidato quando colocavam o número. Como a gente mora na Zona Rural, que é distante de tudo, não é todo mundo que tem o conhecimento e provavelmente muita gente desistiu. Além disso, teve muita compra de voto no sábado à noite e cabos eleitorais distribuindo santinhos nos colégios eleitorais”, conta.
O cientista social e professor Cláudio André de Souza destaca que há suspeita, do ponto de vista científico-social, da prevalência de municípios cujo eleitorado é composto por pessoas que sofrem vulnerabilidade socioeconômica, o que leva à crença em promessas políticas. “É de fato uma prática recorrente nos interiores e nos pequenos municípios. Nesses locais, é como se houvesse um ambiente menos propício à liberdade de expressão e de opinião. É como se as pessoas fossem mais monitoradas. Então, a política se torna mais custosa”, analisa.
O candidato Ailton da Bicicleta (PT), que perdeu a disputa, afirma que foi desfavorecido pelo uso da máquina pública. “A máquina pública foi usada contra a gente de todas as formas, inclusive coagindo funcionários para poder votarem. Isso nos fez perder a eleição, fora essas questões de compra de voto. Estávamos bem, e de repente eles viraram o jogo nos últimos dias”, lamentou.
A reportagem do Correio 24 Horas não conseguiu contactar o prefeito Agnaldo Andrade para se posicionar sobre o resultado eleitoral.
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